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Observatório Galapos com Felipe Sichel

Na quarta-feira, 31 de agosto, realizamos a segunda edição do Observatório Galapos, um evento exclusivo para clientes e parceiros da Galapos para trocarmos experiências e conhecimento e evoluirmos juntos. O evento contou com a participação de Felipe Sichel, economista-chefe do Banco Modal e mais de 100 clientes da Galapos.


Durante o encontro, que foi realizado de forma online, abordamos assuntos relacionados ao cenário macroeconômico do Brasil, projeções para a inflação, taxa de juros e o contexto político e econômico no Brasil e no mundo.



OVERVIEW DO EVENTO


Sichel começou a conversa trazendo um pouco sobre o panorama global da economia, visto a correlação da economia nacional e dos mercados com os acontecimentos e movimentações da economia global, principalmente a economia americana e chinesa.


Olhando para esse cenário externo, Sichel apontou primeiramente para acontecimentos na economia americana que provavelmente entra agora em um ciclo razoavelmente amplo de desaceleração, de preocupações em relação a inflação e de esgotamento da forma que sua economia vinha crescendo, muito sustentada pela politica monetária e fiscal expansionistas. Apontou também para os riscos globais vinculados as posturas dos bancos centrais como, por exemplo, da Inglaterra e dos EUA, visto que estão subindo as taxas de juros, gerando assim um movimento de redução da liquidez global. Tal movimento tem impactado na economia global e nas economias emergentes em geral, não sendo diferente para a economia aqui no Brasil.


Analisando o cenário local, Sichel ressaltou que desde o início do ano nota-se surpresas relevantes em tudo que tem a ver com atividades econômicas, mercado de trabalho e dados fiscais. Trouxe um contraponto, mantendo uma atenção ao cenário inflacionado, que permanece preocupante, apesar da redução recente em torno no corte do ICMS e PIS/COFINS.


De forma geral, de acordo com nosso painelista, vivemos um cenário de incerteza que não se verifica desde meados da década de 90. Assim, não sabemos e não temos ferramentas e informações suficientes e relevantes para saber como a inflação vai se comportar daqui para frente. Entretanto, analisando o cenário pós-covid nos EUA, Alemanha, Reino Unido e demais economias relevantes a nível global, onde a inflação apresenta choque significativo para cima, consegue-se deduzir que onde há um processo inflacionário muito aquecido, teremos também a nível global taxas de juros consistentemente mais altas que as taxas de juros da década passada, por exemplo.


Após essa introdução, Sichel dividiu com os participantes uma série de dados para entendermos o cenário macroeconômico, como uma análise sobre a curva de Phillips, base que analisa a relação inversa entre taxa de inflação e taxa de desemprego. Diferente da década passada, onde grandes quedas na taxa de desemprego representavam pouco aumento da taxa de inflação, recentemente pequenas variações na taxa de desemprego vem sido acompanhadas por grandes aumentos na inflação. Essa condição, combinada com outros fatores, deve pressionar uma continuidade no aumento das taxas de juros nos Estados Unidos.


Gráfico da curva de Phillips trazido por Sichel na palestra. Agosto de 2022.


Chegando ao cenário aqui no Brasil, segundo Sichel, vemos surpresas muito significativas comparado ao mês anterior a pandemia, principalmente no setor de serviços (principal setor dentro da economia brasileira) que se encontra atualmente em um nível de atividade 5% acima do que estava pré-pandemia, em contrapartida ao setor industrial que está 5% abaixo.


"A gente acredita que setor de serviços vai continuar dando sinal de forças, muito motivado pelos estímulos do governo. Em contrapartida, a produção industrial e as manufaturas tem um espaço a ser recuperado em relação ao pré-pandemia, que na nossa visão, dado grau de aquecimento da economia global também vai ser recuperado. Isso apesar dos juros em ascensão aqui no Brasil"

Em paralelo, a queda da taxa de desemprego pressiona um aumento natural nos salários, o que acaba por pressionar um aumento da inflação.

"A combinação de fatores desde julho do ano passado até hoje, tem produzido efeitos positivos no desempenho das contas públicas nacionais. Entre esses fatores estão a aceleração inflacionária e a ascensão dos preços das commodities globais, ou seja, a valorização muito grande em cima de produtos que o brasil produz e exporta. Por fim, a força da economia brasileira: a atividade brasileira esta mais aquecida do que a 6 meses atrás, assim, se a economia está aquecida, quer dizer que a economia também esta arrecadando mais impostos."

Entretanto, Sichel destacou que isso é uma foto de momento. Possivelmente, o bom momento das commodities não vai perdurar, a inflação também tende a baixar e a economia, que está muito aquecida, no ano que vem tende a desacelerar.


"Da mesma forma que esses 3 fatores cíclicos contribuíram para a melhora do quadro fiscal no Brasil, a desaceleração desses 3 fatores vai contribuir para queda da arrecadação a frente. Então, o grande ponto de interrogação fiscal, ou seja, como a gente arrecada, como a gente gasta e no que a gente gasta, continua sendo o fio condutor mais relevante para economia brasileira e para os mercados brasileiros em 2023. Isso vai ser determinante também quando a gente pensa em termos de consequências das eleições para o mercado."

Encerramos o evento com uma perspectiva para o cenário de 2023, alguns acontecimentos previstos para esse cenário são:

  • A alta da inflação e descolamento das expectativas enseja manutenção da SELIC elevada;

  • O equilíbrio passará por mais juros, mais inflação e menos PIB;

  • Atividade perderá força por aumento dos juros e aumento de custos;

  • Deterioração fiscal leva a aumento de prêmio de riscos.


Foi uma honra receber Felipe Sichel e nossos clientes na segunda edição do Observatório Galapos. Agradecemos a todos que compareceram, foi um encontro muito especial para evoluirmos juntos.


Já aproveitamos também para deixar no radar que o Observatório Galapos com certeza contará com próximas edições, então fiquem ligados que será em breve essa nova oportunidade para conectarmos e evoluirmos juntos!


SOBRE O PAINELISTA

Felipe Sichel é sócio e Economista-Chefe do Modal, lidera a frente de pesquisa e acompanhamento macroeconômico das principais economias globais.


Acumulou experiência por instituições financeiras e centro de pesquisa internacional focando sua atuação no impacto da comunicação corporativa e de autoridades monetárias nos preços dos ativos e percepção de risco de companhias e governos. Atua no Modal desde 2016 e é doutorando em Economia pela FGV-SP, mestre em Economia Financeira pelo IDC de Israel e bacharel em Ciências Econômicas pela UFRJ.


Para saber mais sobre o Observatório, nos siga nas redes sociais ou entre em contato no contato@galapos.com.br



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